A Vitória do Cristianismo sobre a Filosofia Grega
Pacífico
e Amado Irmão,
Concluindo o estudo da relação entre a
postura filosófica maçônica e o pensamento cristão, à luz da maçonaria que
opera no REAA. Apresentamos,
TERCEIRA PARTE
A Filosofia Cristã em Ação
O martírio de São
Justino – o primeiro filósofo cristão
São Justino era um ex-estóico que se
converteu ao cristianismo e passou a ensinar que a fé e a razão podiam caminhar
juntas. Ele acreditava que Cristo era o “Logos encarnado” — ou seja, o Verbo
divino que os gregos tanto falavam, mas agora feito pessoa. Justino foi
executado pelo Império Romano por causa disso. Para os romanos e filósofos
pagãos, a ideia de um “Deus que vira homem” era um absurdo total. Mas para os
cristãos, isso era a chave da salvação.
Lição para nós: esse episódio mostra como o cristianismo teve coragem de romper
com a razão fria dos antigos e apostar num caminho novo, centrado na pessoa e
no amor. Isso custou caro, mas transformou a história.
Agostinho de Hipona – o filósofo do
coração
Agostinho viveu no século IV e foi um
dos primeiros a tentar unir razão e fé de forma profunda. Ele dizia que
a razão deve servir para “buscar entender a fé” — fides quaerens intellectum.
Ele era filósofo de formação, mas entendeu que só a razão não respondia às
grandes perguntas da vida. Foi a experiência do amor de Deus que deu sentido à
sua existência.
Lição para nós: aqui nasce a ideia de que a busca pelo conhecimento é um
caminho espiritual, não apenas intelectual — algo que ressoa com o ideal
maçônico do “aprimoramento do ser”.
Tomás de Aquino – a razão a serviço
da fé
Já na Idade Média, Tomás de Aquino fez
algo ousado: trouxe Aristóteles de volta para o debate cristão. Mostrou que a
razão humana pode, sim, colaborar com a fé, sem que uma anule a outra. Ele
dizia: “a verdade é una — e onde há verdade, ali está Deus”. Foi uma das bases
do que hoje chamamos de pensamento racional cristão.
Lição para nós: essa tentativa de conciliação entre ciência, filosofia e
espiritualidade é algo muito presente no ideal maçônico — buscar a verdade,
venha de onde vier.
Conexões com os
Valores Maçônicos
Você deve ter percebido: muitas dessas
ideias cristãs acabaram ajudando a formar os pilares do pensamento ocidental —
e chegaram até a maçonaria. Vamos a algumas conexões diretas:
A dignidade da pessoa
humana
O cristianismo trouxe a ideia de que todo
ser humano tem valor intrínseco, independentemente de sua força, riqueza ou
inteligência. Isso inspirou mais tarde as ideias de igualdade e liberdade, que
são pilares da maçonaria.
A caridade como dever
A maçonaria valoriza profundamente a solidariedade
e o cuidado com o próximo. Essa noção tem raízes diretas no cristianismo,
que colocou o amor ao outro no centro da vida ética.
A busca pela verdade
interior
O caminho cristão fala de conversão, de
transformação interior. A maçonaria também propõe que o iniciado busque a
verdade dentro de si, lapidando sua “pedra bruta” até atingir a sabedoria.
O símbolo é diferente, mas o ideal é muito parecido.
A coragem diante da
morte
Os mártires cristãos encaravam a morte
com esperança, não com desespero. O estoico aceitava o fim com resignação. O
cristão acreditava na vida após a morte — e isso dava forças para
lutar contra a injustiça, mesmo que custasse a vida. A maçonaria também
exalta a coragem, a firmeza e a esperança como virtudes essenciais do iniciado.
Filosofia e
Cristianismo – Rivais, mas Também Parceiros
Resumindo, irmão: o cristianismo venceu
a filosofia antiga não porque era “melhor”, mas porque ofereceu respostas
mais profundas para o coração humano, especialmente sobre a morte, o
sofrimento e o sentido da vida. Mas com o tempo, os dois caminhos começaram a
dialogar — e dessa mistura, nasceram muitas das ideias que formam o mundo
moderno.
E a maçonaria? Está no meio disso tudo,
como uma herdeira crítica e construtiva desses dois legados: a razão dos
gregos e a fé moral dos cristãos. Por isso, estudar esse tema não é só
aprender história — é entender quem somos, de onde viemos e para onde
podemos ir.
Hiran de Melo
Presidente da Excelsa Loja de Perfeição
“Paz e Amor”, corpo filosófico da Inspetoria Litúrgica do Estado da Paraíba,
Primeira Região, do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a
República Federativa do Brasil.
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