Construir Templos à Virtude e Masmorras ao Vício

 

Por Hiran de Melo

 

Venerável Mestre, queridos Irmãos,

 

A máxima que nos orienta — Construir templos à virtude e masmorras ao vício — é mais do que um lema simbólico. É um chamado à ação consciente e constante. A virtude, para existir verdadeiramente, precisa ser edificada, sustentada e vivida. E o vício, por sua natureza corrosiva, deve ser reconhecido, combatido e controlado mediante ações civilizatórias e inteligentes.

 

Virtude é força ativa. É disposição interior que nos impele ao bem. Mas como todo templo, não se ergue por acaso. Exige esforço, vigilância e dedicação. A paciência, a coragem, a temperança, a justiça — são colunas que sustentam nossa construção moral. E como colunas, precisam ser firmadas, polidas e protegidas contra os ventos da negligência.

 

A virtude não é estática. Enfraquece quando não é praticada. E pode ser perdida quando não é vivida. Por isso, o maçom diligente (ativo, aplicado, zeloso e cuidadoso) não apenas contempla a virtude — ele a exercita. Em cada gesto, em cada palavra, em cada silêncio. Ele transforma o templo simbólico em templo real, onde cada ação é uma pedra justa e perfeita.

 

Mas há um aspecto que não podemos negligenciar: o reconhecimento da virtude no outro. Precisamos aprender a enxergar e enaltecer as virtudes de cada Irmão, jogando luz sobre elas com sinceridade e discernimento. Quando reconhecemos o valor moral de um Irmão — sua integridade, sua generosidade, sua firmeza — nós o fortalecemos. E fortalecemos, também, o tecido invisível que une nossa Ordem.

 

Esse reconhecimento, no entanto, não se confunde com bajulação. A bajulação é interesseira, superficial e desonesta. O efetivo elogio maçônico é discreto, justo e edificante. Ele não exalta o ego, mas alimenta o espírito. É como acender uma vela no templo interior do Irmão — para que ele veja com mais clareza o caminho que já trilha, e se inspire a seguir adiante com ainda mais firmeza.

 

Reconhecer a virtude no outro é também um exercício de humildade. É admitir que não caminhamos sozinhos, que somos parte de uma cadeia de homens livres e de bons costumes, onde cada elo tem seu brilho próprio. E esse brilho, quando reconhecido, ilumina a todos.

 

Construir templos à virtude é um ato de criação. Erguer masmorras ao vício é um ato de preservação. Reconhecer a virtude no Irmão é um ato de fraternidade. E todos esses atos são necessários, diários e sagrados.

 

Que cada um de nós, ao sair do Templo, leve consigo o compromisso de continuar essa obra. Que sejamos operários da luz, arquitetos da consciência, e guardiões da moral. Pois só assim, com trabalho constante, vigilância interior e fraternidade ativa, poderemos dizer que estamos verdadeiramente lapidando a pedra bruta — e edificando em nós e nos outros o Grande Templo da Humanidade.

 


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